quinta-feira, 27 de agosto de 2015

“Eu desabei”, diz ativista que participou do resgate do acidente no Rodoanel




Era ainda o primeiro caminhão. Eu não sabia que mais três ainda chegariam ao santuário. Estávamos cuidando das primeiras porcas que desciam, apavoradas, gritando, sem saber que ali elas já estavam salvas. Eu e outros voluntários corríamos de um lado para o outro, enchendo garrafinhas de água e dando na boca delas.
 

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Elas bebiam desesperadas. Eu estava dando água para uma delas, saí para encher a garrafa novamente, e quando voltei para dar mais, ela já tinha partido. A ativista que estava do meu lado falou: “Querida, ela morreu”. Naquela hora eu desabei. Ela me abraçou forte e ficamos alguns minutos ali, chorando juntas e abraçadas. Quando nos soltamos estávamos bem mais fortes. E cada uma seguiu seu caminho ali, cuidando de outras dezenas de animais que ainda poderiam ter salvação. Não era hora para amolecer, a gente precisava ser forte. E fomos.
Eu não tenho como voltar atrás e devolver a vida de cada bacon, calabresa, presunto ou salsicha que um dia eu comi. Mas não me recusarei a fazer o mínimo que eu puder pelos que ainda vivem nesse mundo, e aguardam desesperadamente pela nossa compaixão e misericórdia. Tudo o que eu puder, por menor que seja, eu sempre farei. Por eles e para eles, sempre.
Relato da ativista Melina Valério, que ajudou no resgate dos 110 porcos que sofreram um acidente no Rodoanel, na Grande São Paulo, no dia 25 de agosto de 2015.


Abaixo você confere as fotos do acidente; clique na imagem desejada para ampliar.

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