Cúpula do Brics se reunirá no Brasil após Copa do Mundo
A 6ª Cúpula do Brics – grupo formado pelo
Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul – reunirá os chefes de
Estado dos cinco países-membros do bloco em Fortaleza, no Centro de
Eventos do Ceará, no dia 15 de julho, e terá seu encerramento em
Brasília, no Palácio Itamaraty, no dia 16, com a presença de presidentes
das nações da América do Sul. Na capital federal, os líderes
sul-americanos serão convidados a apresentar sua perspectiva sobre o
tema da cúpula: Crescimento Inclusivo: Soluções Sustentáveis. O convite
aos líderes regionais, novidade para essa cúpula, faz parte da
estratégia do Brics de aproximação com países não membros, priorizando
nações em desenvolvimento.
Segundo o professor de economia política
internacional da Universidade de Brasília, Roberto Goulart Menezes, a
novidade representa uma vitória da diplomacia brasileira e uma grande
contribuição dos demais países do Brics, reforçando o papel do Brasil
como liderança regional em um momento de paralisia das negociações do
processo de integração sul-americana. “É o Brasil dizendo: estou indo ao
grupo [Brics], mas não estou esquecendo a região”.
O Brasil é o único país do bloco até agora a
sediar o encontro dos chefes de Estado do Brics pela segunda vez e deve
ser palco de duas importantes decisões. A expectativa dos governos do
grupo é que até 15 de julho esteja tudo acertado para as assinaturas do
Tratado Constitutivo do Arranjo Contingente de Reservas, que instituirá
um fundo no valor de US$ 100 bilhões para auxiliar os membros que, no
futuro, estejam em situação delicada no balanço de pagamentos e do
acordo para a criação do banco de desenvolvimento Brics.
O fundo de reservas internacionais contará
com US$ 41 bilhões da China, US$ 18 bilhões do Brasil, da Rússia e da
Índia, e US$ 5 bilhões da África do Sul. Já o banco, com orçamento de
US$ 100 bilhões, terá aportes fiscais igualitários entre os
países-membros. A previsão é que a instituição leve cerca de dois anos
para entrar em funcionamento porque precisará ser aprovada pelos
parlamentos dos cinco países, definir suas regras internas e receber o
aporte inicial, que deverá ser US$ 50 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em
dinheiro e US$ 40 bilhões em garantias.
Em discussão há dois anos dentro do Brics, o
banco pretende atender a demandas não contempladas totalmente pelas
grandes instituições financeiras globais, como o financiamento de
projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em
desenvolvimento. Os últimos detalhes dos dois acordos devem ser
acertados no fim deste mês, em Melbourne, na Austrália, em reunião
paralela ao encontro de representantes de finanças e dos Bancos Centrais
do G20, e, se necessário, no dia 14 de julho, em Fortaleza, na reunião
pré-cúpula entre ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais
dos países do Brics.
Menezes explica que o principal objetivo da
criação do Brics foi discutir e pressionar a reforma das instituições
financeiros multilaterais. Com a criação de banco e fundo próprios,
segundo ele, o grupo se apresenta como mais uma fonte para
investimentos, que futuramente devem alcançar países periféricos, e
mostra força para pressionar a reforma do Fundo Monetário Internacional
(FMI), determinando um grau de autonomia e um “colchão” financeiro aos
países-membros enquanto a reforma não ocorre.
Em sua sexta cúpula, os líderes terão reunião
fechada, e, em seguida, durante seus discursos públicos na capital
cearense, deverão destacar o papel do bloco na inclusão de pessoas no
mercado de consumo, seja pelo crescimento econômico ou por meio de
políticas públicas, e reforçar o compromisso com o desenvolvimento
sustentável. O tema Crescimento Inclusivo: Soluções Sustentáveis está
relacionado à contribuição dos países do Brics na redução da pobreza e
no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), não apenas
em seus territórios. A expectativa dos organizadores é que cerca de 3
mil pessoas estejam envolvidas na reunião de líderes em Fortaleza, sendo
a metade jornalistas, cerca de 800 empresários e o restante membros das
delegações dos cinco países.
Além das reuniões da Cúpula do Brics, alguns
presidentes devem ter encontros bilaterais com a presidenta Dilma
Rousseff. Vladimir Putin, da Rússia, já confirmou presença na final da
Copa do Mundo, dia 13 de julho. Jacob Zuma, da África do Sul, sede da
última Copa, também deve estar presente.
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